23 de ago. de 2012

Dois solitários numa noite fria.


Meio alto, na área de fumantes. Tomando um ar, como se isso ajudasse a digerir o álcool mais rápido... grande bobagem. Eis que ele surge, perguntando se eu tinha fogo. Eu sorrio e respondo que não fumo, apesar de ter pensado em uma outra réplica despudorada. Ele retribui o sorriso e encosta na parede, bem ao meu lado. Parece pior do que eu...
Eu pergunto se ele está bem, se precisa de alguma coisa. Ele diz que precisa sim. "O Quê?", eu pergunto. "De amor...", ele vacila ao responder, tropeça nos próprios pés e cai em cima de mim. Tento colocá-lo em pé novamente, mas ele me abraça. Eu fico em silêncio e o deixo ali. Eu estava, estranhamente, gostando da situação. Abraçado por um desconhecido, ambos bêbados, solitários, numa noite fria.
"Eu gosto de você, estranho..."
"Você também não é nada mau. Mas vamos lembrar disso amanhã?"

22 de ago. de 2012

Woody.




Há tantos problemas no nosso dia a dia que a felicidade parece ser o menor deles.
Felicidade, pra quê?
Eu posso ter um carro, um emprego, muito dinheiro e passar a vida procurando um amor.
Pra que felicidade se eu posso ser infeliz?
Tudo conspira pra infelicidade. Porque se a felicidade for plena os problemas não existem, e se os problemas não existem o mundo para. E se o mundo parar, pra onde vamos?
Eis que surge Woody Allen na tela do cinema, falando pra protagonista: "ele é um grande homem, você deve ficar com ele!"
Quais são as chances de isso acontecer?
Você nunca vai conhecer o Woody Allen.
Você vai demorar a encontrar (isso se encontrar algum) grande homem.
Você nunca vai ser feliz por dentro e por fora. É impossível. Ou talvez seja, eu que nunca fui.
Mas, se nós fôssemos completamente felizes e tivéssemos o amor de nossas vidas, o cinema não existiria. Nem o Woody Allen.