23 de out. de 2012

Perdoa.


Meu amor,
Perdoa minhas mãos por não poderem afagar-te em momento de solidão
Por não poder segurar-te em momentos de derrota
Por não poder namorar as suas, por estar a infinitos de distância.

Perdoa meu sorriso, por não poder iluminar tuas manhãs
Por não poder guiar-te pelo manto escuro da noite
Por não poder sorrir de longe quando você sorri também.

Perdoa meus olhos, por encher meu rosto de lágrimas
Nascentes dos rios que resplandecem em minha face
Apenas por não poder dizer-te nada sem dizer nada.

Perdoa meus lábios, por não poder beijar os teus
Por não poder deslizar pelo teu corpo
E muito menos dizer o que você deveria escutar ao pé do ouvido.

Perdoa meu coração, há muito já maltratado
Que achou que tinha encontrado refugio
Juntando a tua com a minha desilusão.

E por fim, perdoa minha mente.
Perdoa por amar assim, sem mais nem menos.
Amar-te, respeitar-te e querer-te sem nunca ter amado.
Sem nunca ter sido amado.
Sem nunca amar amando.
E seguir amando-te, ó amor desconhecido.

9 de out. de 2012

Peter Pan.

Talvez seja preciso morrer lentamente, acabar com qualquer inocência aparente para seguir a vida. As tatuagens deixadas pelo tempo que não aparecem na pele, mas são profundas no coração, são irreversíveis na maioria das vezes. Cravadas na memória, estão ali sempre querendo dizer alguma coisa. Que você errou nas suas decisões, que você deveria ter seguido em frente ou que tudo tenha acontecido num momento errado. Mas tudo isso mata o coração. Faz ele apodrecer, acabando com o bem mais precioso que nos tentam tirar desde a tenra infância: a inocência. Porque é aí, quando a inocência morre, quando deixamos de acreditar em contos de fadas e amores verdadeiros, que nos tornamos adultos. E cada vez mais cedo os adultos surgem, os corações entram em estado de putrefação e a magia passa apenas a existir na literatura. Talvez precisemos transformar Peter Pan no novo herói mundial.