A mesma que cega é a mesma que
enxerga. A mesma que diz “olá” e “adeus”. A mesma que estala, que estica, que
mostra, que treme — e teme. Vem em pares. São as mesmas que cumprimentam e
apunhalam, numa estranha generosidade hostil. São elas que afagam, acalentam,
acalmam. Sufocam. São fontes de prazer inesgotável.
Tão pequenas a ponto de caberem
dentro de uma mão e tão grandes que seguram o mundo. Tão frágeis a ponto de
serem atadas sem nó e tão seguras que guardam corações. Felizes ficam quando
encontram seu encaixe perfeito, como se dois corpos diferentes tivessem sido
moldados lado a lado. Quando há uma conexão tão intensa, que, mesmo separadas,
elas sentem. Sentem-se tristes, vacilam diante de perigo, expressam emoção que
às vezes até os olhos recusam-se a mostrar.
Salvam, matam, amam, odeiam.
Guerra e paz escondidas em cinco dedos. Imagine o que você pode fazer com uma
mão. Agora imagine o que você pode fazer com duas.