28 de abr. de 2012

Mãos.


A mesma que cega é a mesma que enxerga. A mesma que diz “olá” e “adeus”. A mesma que estala, que estica, que mostra, que treme — e teme. Vem em pares. São as mesmas que cumprimentam e apunhalam, numa estranha generosidade hostil. São elas que afagam, acalentam, acalmam. Sufocam. São fontes de prazer inesgotável.
Tão pequenas a ponto de caberem dentro de uma mão e tão grandes que seguram o mundo. Tão frágeis a ponto de serem atadas sem nó e tão seguras que guardam corações. Felizes ficam quando encontram seu encaixe perfeito, como se dois corpos diferentes tivessem sido moldados lado a lado. Quando há uma conexão tão intensa, que, mesmo separadas, elas sentem. Sentem-se tristes, vacilam diante de perigo, expressam emoção que às vezes até os olhos recusam-se a mostrar.
Salvam, matam, amam, odeiam. Guerra e paz escondidas em cinco dedos. Imagine o que você pode fazer com uma mão. Agora imagine o que você pode fazer com duas.

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